A Radical Imaginação Política com um olhar mais atento das juventudes

Novos cenários globais e locais conduzem à necessidade de um olhar muito profundo sobre esse amplo universo que são as juventudes.

Por:  Jessica Vanessa

“A esperança é um condimento indispensável à experiência histórica. Sem ela, não haveria História, mas puro determinismo. Só há História onde há tempo problematizado e não pré-dado. A inexorabilidade do futuro é a negação da História. Ensinar exige alegria e esperança”

Paulo Freire, em Pedagogia da Autonomia.

Na última década, em um mundo que experimenta mudanças cada vez mais profundas e aceleradas, tem sido recorrente indagar sobre qual lugar social está reservado aos jovens. Novos cenários globais e locais conduzem à necessidade de um olhar muito profundo sobre esse amplo universo que são as juventudes. Assim, nos tempos atuais, colocar os jovens no foco do conhecimento é de extrema importância . 

Nos últimos anos tivemos uma expressão de ocupação na esfera do poder legislativo por parte dos jovens, assim como por parte das mulheres negras. Desse modo, as juventudes brasileiras também vem se afirmando dentro do espaço político partidário. Podemos observar que, entre 2018 até 2021, os jovens foram eleitos pelas suas grandes lutas coletivas, com o entendimento que é necessário ter mais jovens, representados pelas suas diversidades.

Essa metodologia de mudança surge para questionar e transformar um parlamento caracterizado por pessoas majoritariamente brancas, o que não condiz com a realidade brasileira. Com essa força das juventudes que pulsa, questiona e transforma os espaços de poder, nasce uma ousadia de renovação e, com isso, um parlamento cada vez mais diverso, popular e capaz de desburocratizar a política tradicional com sede de desejo e transformação democrática. 

Com essa força das juventudes que pulsa, questiona e transforma os espaços de poder, nasce uma ousadia de renovação e, com isso, um parlamento cada vez mais diverso, popular e capaz de desburocratizar a política tradicional com sede de desejo e transformação democrática. 

Os jovens eleitos/as vêm fazendo um trabalho afirmativo e popular, trazendo o/a eleitor/a para entender como funciona a política dentro e fora do parlamento. Mas, é  importante ressaltar que todos os jovens, de direita ou esquerda,  vem sendo desafiados dentro da estrutura do legislativo e também partidária, a partir do descrédito em relação à sua experiência e capacidade nestes espaços, não priorização de suas campanhas e demandas, falta de apoio (financeiros e de mobilização), violências políticas, entre outros. Esse tipo de ambiente tóxico da política institucional, afasta jovens para se colocarem nesta jornada da participação política institucional e eleitoral, deixando uma parcela importante da população sem a representatividade necessária. 

Tudo isso me faz lembrar de uma música que já citei em alguns outros artigos e textos: 

Não É Sério
“Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério O jovem no Brasil nunca é levado a sério.Charlie Brown Jr & Negra Li

O que podemos ver, além dos desafios, é uma esperança ainda acesa de renovação política dos espaços de poder institucional e uma juventude viva com possibilidades reais de transformação. É possível imaginar uma política inovadora com um olhar mais imaginativo e criativo  sobre “O que é  política” e “Como podemos nos apropriar” colocando as nossas narrativas  das juventudes, principalmente negras, indígenas, LGBTQIA+ e periféricas no centro, para que possamos  pensar dentro de uma perspectiva futura, usando as novas tecnologias tão presentes em nossos cotidianos para  a construção de uma política com ética, igualdade, participação popular e social.

Jéssica Vanessa dos Santos é pernambucana de Buíque, região do agreste. Com 25 anos, atua desde 2012 com temas relacionados à políticas de/para juventude, apresentando-se como uma jovem liderança com atuação na região metropolitana de Recife. Mulher preta jovem e periférica, também é ativista pelos direitos humanos, atuando pela representatividade e participação das juventudes  negras. Tem trajetória como educadora popular e mobilizadora social, com grande influência em  políticas públicas de juventude. 


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