Quantas vezes você olhou para uma liderança popular e pensou “podia entrar na política!”? Lideranças comunitárias e estudantis, mulheres, população LGBTQIAP+, pessoas negras, representantes de movimentos sociais, líderes religiosos, celebridades e comerciantes de bairros periféricos são alguns dos grupos que, em geral, se arriscam na política – o que é ótimo já que a política é isso: é pluralidade de pautas e diversidade. Esta representação é importante para a imaginação política, como forma de toda pessoa cidadã se identificar e se projetar como parte da política institucional. Mas, por trás das boas intenções e da vontade de ampliar suas ações em prol da sociedade, existe uma série de desafios que tornam a disputa eleitoral mais difícil para alguns grupos do que deveria ser. Quer saber quais são esses desafios? Segue a leitura que a gente te conta!
O caminho das pedras até a eleição
Popularidade é importante mas ela não é decisiva para eleger candidaturas. Não é no mínimo intrigante que pessoas populares em suas regiões não sejam eleitas com facilidade? A resposta para isso é simples: entre a candidatura e a eleição existe um longo e, muitas vezes, complexo caminho de pedras.

Mas, que dificuldades são essas? O que candidatos, candidatas e candidates encontram quando decidem disputar um pleito eleitoral?
1 – Conhecimento sobre as leis e burocracias eleitorais
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) é o órgão brasileiro que regulamenta e fiscaliza as eleições. Sua atuação é fundamental para garantir que não haja fraudes no processo eleitoral e para que tudo aconteça dentro da normalidade esperada em um Estado democrático de Direito.
O que falta muitas vezes a essas candidaturas é acesso e conhecimento sobre o que o TSE exige para o devido registro desses candidatos, candidatas e candidates, os prazos para filiação partidária, a documentação exigida e demais burocracias necessárias. Inclusive, o TSE neste ano lançou um novo canal de comunicação para facilitar o acesso a estas e demais informações: o WhatsApp Tira Dúvidas.
2 – Investimento financeiro para as campanhas eleitorais
Candidaturas têm seus custos e muitas vezes são altos. Custear os materiais de comunicação com os possíveis eleitores, manter escritórios de campanha em pleno funcionamento e com profissionais aptos a exercer atividades importantes para a candidatura. Além dos demais custos como energia elétrica, internet, combustível, entre outros. Tudo isso pode ser muito oneroso para quem deseja se candidatar. A falta de verba para investir nas campanhas eleitorais faz com que essas candidaturas não cheguem muito longe ou simplesmente desistam.
3 – Acesso a ferramentas e tecnologias eficazes
A cada pleito eleitoral, surgem novas ferramentas de comunicação política que ampliam o nível de informações obtidas para traçar estratégias e ações para angariar votos, conquistar novos eleitores e,consequentemente, ter mais chances de se eleger. Agora, fica a pergunta: todas as candidaturas têm acesso a isso? Certamente não. Afinal, muitas dessas ferramentas e dessas tecnologias não são gratuitas ou possuem valores altos.
Esses pontos foram bastante discutidos durante o primeiro encontro do +Representatividade, projeto desenvolvido pelo Instituto Update que reuniu em Recife várias lideranças de iniciativas de pessoas negras, quilombolas, povos indígenas e população LGBTQIAP+ para conexão e compartilhamento de experiências, entre elas, a dificuldade em encontrar partidos políticos que acolham as suas causas sociais, suas bandeiras de luta.
Mas, onde procurar apoio para viabilizar a participação política de forma inovadora?
Iniciativas pensadas para fortalecer as candidaturas no Brasil
Diante dessas demandas cada vez mais urgentes, é importante conhecer algumas iniciativas que podem ser aliadas fundamentais para que essas candidaturas trilhem a disputa eleitoral com mais segurança, informação e assertividade. Confira a seguir:
1 – Im.pulsa
Com o propósito de apoiar mulheres a se sentirem mais confiantes para movimentar a política em toda a América Latina, a Im.pulsa, uma iniciativa do Instituto Update e da Ong #ElasNoPoder é uma plataforma com diversos conteúdos e ferramentas para orientar e apoiar candidaturas femininas – incluindo formação política para as candidatas e também suas equipes. Todo o trabalho da Im.pulsa é gratuito e você pode acessá-lo agora mesmo, basta clicar aqui. Se você é pré-candidata ou atua em campanhas de mulheres, faça parte também da comunidade.
2 – Liane
Para criar e desenvolver suas comunidades, mobilizar apoiadores e voluntários, estruturar equipes de trabalho, a Liane é a plataforma ideal para essas e outras demandas. Disponível gratuitamente e gerenciada pelo Instituto Update, Liane utiliza tecnologia de software livre e possui várias funcionalidades que permitem uma ampla análise de dados e gestão de redes sociais. O cadastro é simples e rápido, o primeiro passo é clicar aqui.
3 – #ElasNoPoder
A experiência de duas mulheres com consultoria política fez com que elas sentissem o incômodo em ver o cenário político composto majoritariamente por homens e a partir disso, criar ferramentas para mudar esse jogo. Foi daí que surgiu o #ElasNoPoder, ong brasileira que tem como objetivo tornar as campanhas de mulheres mais competitivas e preparadas para quebrar as barreiras que possam impedir essas mulheres de chegar ao poder.
4 – ANMIGA
Como já falamos em outro post, as candidaturas indígenas são estratégias de luta por direitos desta população. Neste contexto, a Articulação Nacional das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade – ou ANMIGA – se torna uma importante aliada das mulheres indígenas nos espaços de luta – sobretudo, os espaços político e eleitoral.
5 – Ocupar la política
Oferece apoio e orientações para as candidaturas colombianas se destaquem nas disputas eleitorais e terem o devido protagonismo no Congresso Nacional, o projeto Ocupar la política disponibiliza conteúdos e cursos de formação a essas candidaturas em todo o território colombiano, inclusive nas eleições realizadas em 2022 que resultaram na eleição de Gustavo Petro e Francia Marquez.
6 – Eu voto em Negra
Campanha permanente que tem como objetivo principal ampliar a representatividade de mulheres negras nos espaços políticos em todas as esferas de poder. Eu Voto em Negra atua no fortalecimento de candidaturas de mulheres negras em todo o Brasil.
7 – Goianas na Urna
Escola de formação e fortalecimento de candidaturas femininas no estado de Goiás. O Goianas na Urna tem como principal objetivo aumentar a representatividade feminina na política goiana e, por isso, a GNU é composta por uma rede de mulheres comprometidas com a democracia, a justiça social e a equidade.
Existem muitas outras plataformas que ainda vamos apresentar, incluindo as 23 iniciativas selecionadas para a aceleração do +Representatividade, que contaremos em breve!
E você, conhece alguma iniciativa voltada para apoiar essas candidaturas? Deixe aqui nos comentários pra que mais pessoas as conheçam e assim, a gente tenha eleições mais plurais e verdadeiramente representativas. Aproveite para compartilhar esse post nas suas redes sociais, tá?