Eleitas: Mulheres na Política

Estudo e série do Instituto Update mostram como mulheres inspiradoras estão desafiando o status quo para mudar a democracia no Brasil e na América Latina

“Uma mulher na política, muda a [própria] mulher. Muitas mulheres na política, muda a política”, disse Michelle Bachelet, que comandou o Chile entre 2006 e 2010 e depois entre 2014 e 2018, quando se tornou a primeira encarregada da ONU Mulheres, agência das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero.

A frase de Michelle inspira questões fundamentais do nosso tempo. O que acontece na política quando mais mulheres são eleitas? O que muda quando as mulheres mudam o poder? 

Hoje, no entanto, apenas 24% dos espaços de tomada de decisão nos parlamentos do mundo são ocupados por mulheres – e o Brasil está ainda abaixo dessa média, com 15%. 

A partir desses dados e perguntas, o Instituto Update idealizou Eleitas: Mulheres na Política. Com apoio da Fundação Tide Setubal, da Open Society Foundations, da OAK Foundation, da Ford Foundation, da Luminate e da BMW Foundation, 52 pessoas – 48 mulheres e quatro homens – construíram um estudo inédito e uma série de três episódios realizada em parceria com o Quebrando o Tabu, a Maria Farinha Filmes e a Spray Content.

Ao longo de mais de um ano de pesquisas, entrevistas, viagens de campo e um mapeamento de cerca de 600 nomes, a equipe de Eleitas: Mulheres na Política mergulhou de cabeça, alma e coração nas histórias de grandes mulheres – líderes inovadoras, inspiradoras e corajosas que estão desafiando o status quo para fortalecer a democracia e criar um futuro melhor por meio de uma nova forma de exercício do poder. 

Como fontes primárias, foram ouvidas 96 políticas eleitas no Brasil e em outros cinco países (Argentina, Bolívia, Brasil, Chile, Colômbia e México), além de 11 especialistas ou representantes de movimentos da sociedade civil. Unidas pela consciência de gênero e a convicção de que podem transformar a sociedade, mulheres de diferentes campos políticos, linhas ideológicas, territórios e etnias como as deputadas brasileiras Érica Malunguinho, Marina Helou e Priscila Krause, a senadora mexicana Kenia Lopez e as prefeitas Raquel Lyra (de Caruaru, Pernambuco) e Claudia Lopez (de Bogotá, Colômbia) falaram de suas trajetórias, práticas, desafios, visões e sonhos

Histórias sobre a potência das mulheres e seus desafios

Já disponível o estudo Eleitas: Mulheres na Política é dividido em cinco partes, todas girando em torno de histórias sobre a potência das mulheres na política e seus desafios. 

O primeiro capítulo, “A política do agora: utopia do presente”, contextualiza a mudança cultural que vem emergindo em toda a América Latina e mostra como a força das ruas vem despertando em mulheres a vontade de concorrer às eleições. 

O segundo, “Paridade como caminho”, detalha o que é preciso para que haja equidade em espaços de decisão – o que depende diretamente de ações que combatam a violência, tema abordado no capítulo seguinte, “O desafio da violência política de gênero”.

Depois, “A imaginação na prática” discute como mulheres constroem novas formas de exercer a política. Para elas, a prática parte de uma relação contínua entre cidadania e poder público, sempre com a criatividade aliada no desenho das soluções de problemas complexos. A criatividade, nesse caso, é mais do que um instrumento, é uma ética – a ética criativa. 

E, por fim, o quinto capítulo, “A jornada: país a país”, destacam as alianças do projeto em toda a América Latina.

O estudo conta com uma análise feita a partir de um processo de interpretação das narrativas em relação à política institucional e aos contextos históricos e culturais de cada país. Também foram ouvidos especialistas nos movimentos feminino e feminista, que examinaram aprofundadamente questões referentes aos impactos potenciais das mulheres inovadoras eleitas na política institucional latino-americana. 

Na versão audiovisual, participação de Anitta

Adaptando o conteúdo do estudo para o formato audiovisual, Eleitas: Mulheres na Política, a série, traz três episódios de aproximadamente 20 minutos apresentados pela cientista social Beatriz Pedreira, cofundadora e diretora do Instituto Update, e dirigidos pela documentarista Isadora Brant, contando ainda com participação da cantora Anitta, que na série faz o papel de desmistificar e explicar os conceitos por trás de termos como “paridade” e “violência de gênero”. Os três episódios estão disponíveis no canal do YouTube do Quebrando o Tabu e, a partir de 28 de julho, também na plataforma Videocamp.

“O estudo e a série são parte de um trabalho contínuo para fortalecer mulheres líderes na política institucional. Nosso objetivo é amplificar e reverberar as vozes dessas mulheres que, a partir da consciência de gênero, vêm desafiando o sistema tradicional e patriarcal para criar novos comportamentos e práticas políticas, estimulando um novo imaginário e consolidando a democracia”, afirma Beatriz Pedreira.

Responsável pelo planejamento de conteúdo e a estratégia de comunicação do projeto, Carol Althaller ressalta que o grande desejo de todos os participantes é que essas histórias e mensagens se espalhem entre o maior número possível de pessoas, inclusive quem diz não se interessar por política ou mesmo nunca refletiu sobre o assunto.

“Queremos que o estudo e a série inspirem e provoquem a reflexão de que a política está no centro das nossas vidas e que mais e mais pessoas percebam que eleger mulheres é essencial para a saúde da sociedade”, completa.

Para Eleitas: Mulheres na Política, o Instituto Update contou com a colaboração de cinco organizações latino-americanas no apoio ao processo de mapeamento e na análise das entrevistas e contexto local, articulando uma rede capaz de fortalecer e qualificar o debate:

  • Instituto Simone de Beauvoir (México);
  • Extituto de Política Abierta e Artemisas (Colômbia);
  • Democracia en Red (Argentina);
  • ComunidadMujer (Chile);
  • Coordinadora de la Mujer (Bolívia);
  • Instituto Alziras (Brasi).

“É corrente a ideia de que é o ‘futuro da política é feminino’ ou de que é ‘preciso feminilizar a política’, mas pouco se sabe do que significa, de fato, o exercício do feminino no poder e como se diferencia do padrão. Eleitas: Mulheres na política busca compensar essa lacuna, pois se debruça em trajetórias de mulheres políticas com práticas inovadoras que nem sempre tem espaço na mídia tradicional”, conclui Larissa Dionisio, produtora executiva do Instituto Update. 

Instituto Update

O Instituto Update é uma organização da sociedade civil que pesquisa e fomenta a inovação política na América Latina – novas práticas políticas que aproximam cidadãs e cidadãos da política, combatem desigualdades, enfrentam a emergência climática e fortalecem a democracia –, com foco principal na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México. Os projetos são desenvolvidos a partir de duas estratégias: gerar visibilidade e impulsionar a viabilidade desse ecossistema. 

Quebrando o Tabu

O Quebrando o Tabu é uma plataforma multicanal de curadoria e produção de conteúdo multimídia que tem como principal objetivo difundir a discussão sobre direitos humanos para mais de 16 milhões de seguidores em todo o Brasil. Em tempos de polarização,
crescimento do conservadorismo, discursos de ódio e prevalência de fake news, o Quebrando o Tabu oferece uma perspectiva necessária sobre o que realmente importa.

Maria Farinha Filmes

Há mais de 10 anos contando histórias com o objetivo de despertar grandes mudanças, a Maria Farinha Filmes já produziu mais de 25 filmes, séries e outros formatos que impactaram milhões de pessoas em todo planeta. A primeira produtora da América Latina a receber o certificado B Corp, desenvolveu projetos como Muito Além do Peso (2012), Tarja Branca (2014), O Começo da Vida (2016), Nunca Me Sonharam (2017),Ser o Que Se É (2018), Aruanas (2019), entre outros.

Spray Content

A Spray Content possui uma rede extensa de capacidades de produção, focada em criar narrativas que condizem com nosso olhar sobre nós mesmos e o futuro da sociedade. Entre alguns títulos e coproduções estão o longa internacional com exibição em Sundance (2019) “Abe”, de Fernando Grostein Andrade; além das séries “Carcereiros” (e filme homônimo) e “Quebrando o Tabu”. Sua estreia mais recente foi “Vai Pra Cima, Fred”, terceiro YouTube Original, na segunda quinzena de abril.

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