Feminismo que move a América Latina: lutas e conquistas importantes para as mulheres latino-americanas

Afinal de contas, quais foram as contribuições dos movimentos feministas para as mulheres latino-americanas? Neste post a gente mostra algumas das muitas destas contribuições.

O feminismo é um movimento que existe há muitos anos. Não é de hoje que mulheres do mundo todo – especialmente, na América Latina – lutam por uma sociedade mais justa e enfrentam questões impostas pelo patriarcado, o machismo e a misoginia. Você já parou pra pensar quais foram as contribuições dos movimentos feministas para as mulheres latino-americanas? Então, continue a leitura para saber mais sobre esse tema!

Movimentos feministas pela América Latina

Antes de dar continuidade ao tema é importante dizer que o feminismo é um movimento múltiplo e diverso, com formas distintas de lidar com os papéis de gênero impostos pelo machismo e pelo patriarcado. Apesar de sua versatilidade e multiplicidade, todas as vertentes feministas existentes estão direcionadas para o empoderamento de mulheres em todas as esferas da existência humana e na equidade de direitos. E por ser algo tão diverso que o feminismo é um movimento que abarca as diversas mulheridades existentes. Afinal, o patriarcado oprime mulheres no mundo todo mas de maneiras diferentes. 

Na América Latina vários são os movimentos feministas que lutam pelas mulheres latino-americanas. Movimentos que estão presentes no continente há muito tempo defendendo mulheres e seus direitos. Mas, afinal de contas, o que o feminismo já fez pelas mulheres na América Latina?

1 – #NiUnaMenos e a luta contra o feminicídio

Com o nome inspirado em um poema da ativista mexicana Susana Chávez – que foi vítima de feminicídio em 2011 – o movimento #NiUnaMenos ganhou as ruas de cidades do Uruguai, Chile e principalmente na Argentina – país em que este movimento nasceu – em 2015 para expor a gravidade e o temor oriundos dos altos índices de feminicídio e pressionar os governos desses países a implementar políticas públicas e leis voltadas para a proteção de mulheres vítimas de violências. O #NiUnaMenos começou como uma marcha na rua e se tornou um grande movimento também nas redes sociais com grande adesão de mulheres que se articulam para lutar por direitos. Uma das grandes conquistas do #NiUnaMenos foi a aprovação da Lei Contra a violência às mulheres em 2020, medida importante para o combate ao crescimento da violência contra mulheres durante a pandemia de Covid-19. 

2 – A Maré Verde em defesa do aborto livre, seguro e gratuito

Os direitos reprodutivos são uma das principais pautas da luta feminista – principalmente, o direito ao aborto seguro. A movimentação causada pelo #NiUnaMenos fez com que a luta feminista na Argentina ganhasse mais força na defesa da legalização do aborto e assim nasceu a Maré Verde – movimento marcado por mulheres usando bandanas verdes. O Senado argentino votou contra a legalização em 2019 e as manifestações continuaram. Em 2020, o aborto foi legalizado na Argentina e assim, encerrou o vigor de uma lei datada de 1921 que criminalizava o aborto – exceto em casos de estupro e risco de vida para a gestante. 

Vale ressaltar aqui a diferença entre descriminalizar e legalizar o aborto. Descriminalizar significa que determinados atos e condutas não podem ser tratadas como crime e não podem gerar punições no âmbito penal. Já a legalização permite que atos e condutas sejam praticados a partir de uma lei que os regulamenta. A legalização também prevê punições para quem descumprir ou desrespeitar a lei que regulamenta essa prática. No caso do aborto, a sua descriminalização faz com que ele deixe de ser crime enquanto a sua legalização permite a criação de políticas públicas que garantam às mulheres que ele seja feito de maneira segura e legal.

3 – Un violador en tu camino e a luta contra o assédio no Chile

Não é difícil encontrar mulheres que tenham medo do assédio e demais violências sexuais. Não é difícil também encontrar mulheres que foram vítimas dessas violências. Para denunciar essas violências e, paralelo a isso, levar as ideias feministas a outras mulheres, o grupo ativista Las Tesis criou a performance Un violador en tu camino (um estuprador em seu caminho, em português).

Composto por ativistas chilenas, a primeira performance de Un violador en tu camino foi feita no dia 25 de novembro de 2019, na praça Aníbal Pinto, localizada na cidade de Valparaíso (Chile). Vários coletivos feministas reproduziram essa performance mundo afora. Há registros da performance Un Violador en su camino em cidades do Brasil, México, Colômbia, França, Espanha, Turquia e Alemanha.  

4 – Lobby do Batom e a superação de diferenças em defesa das mulheres brasileiras 

 O Brasil era um país recém saído de um longo período ditatorial e vivia um dos momentos mais importantes da sua história: a Assembleia Constituinte. Para garantir que pautas importantes para as mulheres brasileiras fossem aprovadas, as 26 deputadas eleitas se uniram na defesa do direito ao divórcio, à licença maternidade e outros direitos importantes. Esse grupo ficou conhecido como Lobby do batom. Vale dizer que essas 26 deputadas não tinham partidos políticos em comum e nem todas seguiam as mesmas ideologias políticas. As pautas defendidas pelo Lobby do Batom foram levantadas em uma campanha nacional chamada “Constituinte para valer tem que ter palavra de mulher”. Juntas elas aprovaram 80% das demandas que entraram na redação final da atual Constituição Brasileira.

Estes são alguns dos muitos movimentos feministas existentes na América Latina que defendem as mulheres nas mais variadas esferas da vida. Muito foi feito e ainda há um longo caminho a percorrer, especialmente agora que em que vemos as conquistas dos movimentos serem ameaçadas no Brasil. Vale ainda dizer que os conceitos e práticas feministas estão em disputa nas esferas conservadoras   Para saber mais sobre essa discussão, leia o livro Feminismos em Disputa. Ele está em pré-venda no site da editora Boitempo.

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