Saúde mental merece o seu voto!

Dados da OMS apontam que o Brasil é o país com maior número de pessoas que sofrem de ansiedade no mundo e isso é um dos muitos indícios de que é urgente a criação e o fortalecimento de políticas públicas voltadas para a saúde mental da população brasileira. E o que o seu voto tem a ver com isso?

⚠️Importante: este conteúdo pode conter gatilhos para pessoas ansiosas e depressivas ⚠️

Discutir sobre saúde mental no Brasil é urgente, sobretudo agora durante o período eleitoral. Algumas pautas – como moradia, educação e segurança – são debatidas de maneira ampla. E a saúde mental? Ao longo do mês de setembro muito se fala sobre a prevenção ao suicídio por conta da campanha #SetembroAmarelo. Mas, saúde mental é algo que vai além de uma campanha anual. É preciso ter continuidade e, principalmente, ações conjuntas e comprometimento por parte de quem vai assumir cargos nos poderes Legislativo e Executivo brasileiros.    

Alguns dados sobre a saúde mental no Brasil 

O relatório Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico) de 2021 aponta que houve um crescimento da população brasileira diagnosticada com depressão no Brasil. Um dos principais fatores para o crescimento deste diagnóstico é o luto vivido durante a pandemia de Covid-19. 

Porto Alegre (15,7%), Florianópolis (12,9%) e Rio de Janeiro (11,7%) registraram os maiores percentuais de homens com o diagnóstico da doença. Em contrapartida, Belo Horizonte (23%), Campo Grande (21,3%) e Curitiba (20,9%) registraram os maiores percentuais de mulheres diagnosticadas com depressão. Ainda segundo o relatório Vigitel, 11,3% da população brasileira sofre com depressão – percentual duas vezes maior que a média mundial, que é de 5,3%. Os dados apontam que temos mais mulheres deprimidas no Brasil do que homens em todas as capitais do país. 

Para baixar o relatório Vigitel 2021 completo, clique aqui

A OMS aponta também que o Brasil tem a população mais ansiosa do mundo. Em 2019, a Organização Mundial de Saúde mostrou que o Brasil tinha cerca de 18 milhões de pessoas sofrendo de ansiedade e esse índice aumentou 25% durante a pandemia de Covid-19.

Outro fator preocupante são os índices de suicídio no país. Segundo a OMS, essa é a segunda principal causa de mortes entre jovens no Brasil com idade entre 15 e 29 anos. Entre 2011 e 2021, o percentual de mortes por suícidio aumentou 35%. Em outubro de 2021, o grupo de trabalho na Câmara dos Deputados voltado para o estudo sobre suicídio no Brasil trouxe uma informação alarmante: no Brasil, a cada 45 minutos acontece um suicídio. Para cada morte, o país tem pelo menos 20 tentativas. 

Paralelo a isso, o Brasil tem a Lei nº 10.216/2001 – também conhecida como Lei da Reforma Psiquiátrica – que já é considerada ultrapassada e segue em vigor. Mais de 20 anos depois de sancionada, muitas ações previstas nessa lei não foram implementadas e em virtude do cenário de sofrimento psíquico causado pela pandemia é preciso reestruturar a forma como o Brasil lida com a saúde mental de sua população. 

O relatório “Cenário das Políticas e Programas Nacionais de Saúde Mental” do IEPS aponta que o crescimento da população de rua nos últimos anos evidencia o quanto as desigualdades sociais no Brasil afetam a qualidade de vida da população. Mostra ainda que saúde mental não é somente sobre ter acesso a tratamento psicológicos e psiquiátricos e sim, sobre ter condições dignas para viver. Entre 2017 e 2020, a população de rua no Brasil subiu de 101 mil para 221 mil. As principais causas são o desemprego e a instabilidade econômica enfrentada pelo país nos últimos tempos. 

A pesquisa “O trabalho e a vida das mulheres na pandemia” divulgada pela Revista Piauí mostra também que 50% das mulheres brasileiras assumiram a responsabilidade de cuidar de alguém durante a pandemia. Num contexto de sobrecarga, desigualdades sociais e econômicas, não é mera coincidência que as mulheres estejam no topo do ranking de pacientes com depressão no Brasil, né? 

Porque a saúde mental merece o seu voto nessas eleições!

Diante do quadro apresentado acima, fica evidente o quão urgente é lutar por melhorias para a população brasileira. É importante dizer que os índices apresentados no tópico anterior são baseados em pessoas devidamente diagnosticadas. O número real de pessoas com alguma doença ou em estado de sofrimento psíquico pode ser muito maior ao apresentado já que o acesso a tratamentos com profissionais da psicologia e psiquiatria nem sempre é possível. 

O relatório do IEPS aponta que há uma desigualdade na distribuição de verba para as unidades de atendimento psicossocial. Até 2021, cerca de 13 estados brasileiros não tinham unidades de atendimento e acolhimento para pacientes em sofrimento mental. E é aqui que o seu voto pode fazer toda a diferença! 

1 – Investimento em pesquisa e ciência 

A Lei da Reforma Psiquiátrica precisa ser reestruturada e para que isso aconteça, os dados sobre a saúde mental da população são importantes. Além disso, pesquisas sobre novos tratamentos e abordagens que garantam o bem estar desses pacientes serão fundamentais. Por isso, eleja quem acredita no poder e na necessidade do investimento na ciência brasileira. 

2 – Tecnologia e gestão de dados 

Nos últimos anos, o Brasil enfrentou vários apagões de dados de seu sistema de saúde e isso tornou ainda mais difícil o mapeamento da população que precisa de atendimento na área de saúde mental. Eleger candidates que tenham compromisso com investimento em tecnologia, pesquisa e gestão dos dados garantirá que tenhamos melhores condições para implementar políticas públicas eficazes e, assim, promover bem estar físico e mental para um maior número de pessoas no Brasil. 

3 – Ações para reintegrar pacientes institucionalizados 

No que diz respeito à saúde mental no Brasil, um dos assuntos mais urgentes é a desinstitucionalização de pacientes. Pacientes com transtornos mentais que permanecem em instituições por longos períodos precisam de amparo e acolhida para serem reintegrados ao convívio social. Embora seja algo amplamente recomendado e difundido na psiquiatria, no Brasil o que vemos é justamente o contrário. É importante destacar aqui o trabalho notável e pioneiro da psiquiatra brasileira Nise da Silveira, que ao longo de sua carreira defendeu abordagens mais humanizadas para dar aos pacientes institucionalizados melhores condições de reintegrados na sociedade. Em março de 2022, o governo brasileiro assinou a portaria nº 596 que encerrou o Programa de Desinstitucionalização, deixando desassistidas mais de 6 mil pessoas internadas em instituições psiquiátricas e que até o momento, não sabem o que fazer com esses pacientes. A pessoa que vai receber o seu voto tem algo a falar sobre isso? O que essa pessoa propõe para enfrentar essa questão? Para saber mais sobre a importância dessa questão, vale a pena assistir o filme “Nise: no coração da loucura”. 

4 – Fortalecimento do SUS 

No país com tantas pessoas ansiosas e depressivas, ter um sistema de saúde forte e pronto para atender essa demanda é fundamental para reverter esse quadro. Além de campanhas de conscientização sobre ansiedade, depressão e outras doenças, é de extrema importância garantir atendimento de qualidade e acessível a essa população. Por isso, o fortalecimento do SUS (Sistema Único de Saúde) se faz necessário para que a população tenha maior qualidade de vida. 

5 – Enfrentamento da pobreza e do desemprego

Se a desigualdade social e econômica no Brasil são fatores que contribuem com o adoecimento mental de sua população, então nada mais prudente do que investir em políticas públicas que combatam a fome, a pobreza e o desemprego, certo? Portanto, eleger pessoas que tenham compromissos reais com o combate a essas mazelas sociais é o primeiro passo para que a saúde mental da população brasileira possa ser mais saudável. 

Por tudo isso, acreditamos que a saúde mental merece a sua atenção e, principalmente, o seu voto nessas eleições. 

Eleja pessoas que estejam comprometidas com o bem estar mental e físico das pessoas. Cada voto conta! 


Se você está com algum tipo de sofrimento ou conhece alguém que esteja nessas condições e precisa de ajuda, entre em contato com o Centro de Valorização da Vida (CVV) através do telefone 188 ou pelos canais de atendimento online.

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